... coloquei-me como leitora deste blog!
Se eu fosse leitora deste blog, ficava com toneladas de curiosidade sobre uma série de situações, como por exemplo:
Nunca falas da Mafalda?
E o parto da Mafalda, como é que foi, se não sabes o que é uma contração?
(apetecia-me responder com aquelas piadas secas, típicas do meu pai, mas é melhor não o fazer... andam aí as Srªs da Segurança Social...)
Mas, e o Márinho? Foi mesmo para Munique? Ficaste com quem? Afinal QUEM é o pai da Mariana?
(Oh Carla! Gostaste de dormir comigo?)
E a estória do boxer? Como é que acabou?
... tchan tchan...
agora troco de lugar novamente e voi lá:
eu explico!
(tb estou curiosa, já que houve uma insinuação sobre a minha capacidade de memória!)
A Mafaldinha, conhecida por Táta até a Mariana começar a falar e a chamá-la de MANA com toda a clareza, é uma garota Maria/Rapaz.
A gravidez dela decorreu com a maior das naturalidades, sem episodios especiais tirando aquele que tive que levar o Bejeca (o meu gato, o maior gato que a minha mãe já tinha visto em toda a sua vida – tigrado da cor de caramelo) para Viana do Castelo porque eu não estava imune á toxoplasmose e não queria que fosse a sogra a limpar a areia dele. E o coelho anão...
E o Márinho?
Ah! Ah! Ah!
Continuando as respostas sobre a Mafaldinha (como hoje estou bem disposta, posso fazer a mim própria as perguntas que eu quiser...ás vezes não me chateio!)
E tirando
aquele promenor de ter sempre latas de feijão manteiga na despensa para quando acordasse a meio da noite fazer uma panelinha (coisa pouca!) de feijão de oleo de palma com banana e cometer com uma imensa satisfação um dos 7 pecados mortais, não encontro mais nada de especial.
Na minha ultima consulta, em Dezembro de 1992 (pôrra... estou mesmo velha!), a médica marca a cesariana para um dia (que não me lembro, e com isto já estou a falhar!) da 1ª semana de Janeiro.
Nessa semana seriam concluidas as tais 40 semanas de gestação.
Cesariana? Pois, para alem de estar com a tensão muito alta e ter engordado simplesmente 23 kgs, tem um bébé pelvico.
Ele (o bébé que nunca deixou ver de que sexo era) está sentado e já não vai dar a volta e a mãe é uma mulher de utero estreito. (está bem, chame-me o que quiser!!!)
Durante nove meses achava que trazia dentro de mim um rapaz!
Eu queria um rapaz... tinha uma lista de nomes para rapaz;
forrei as gavetas da cómoda com um papel cheio de coraçoeszinhos azuis (é o meu lado pimbalhoco); comprei roupinhas tendênciosamente masculinas e, quando acordei da anestesia geral perguntei á enfermeira:
- O que é que ELE é?
- É uma menina, pesa 2.8??Kg e está bem.
Trocaram-me o bébé... só pode! Não é possivel! Pensei eu! Não vi, por isso podiam fazer o que quisessem...
Estavamos no dia 21 de Dezembro!
Uma 2ª feira em que começa ás 6h da manhã com as águas rebentadas...
Não sentia nenhuma dor, nem contracções nem nada! Não sentia rigorosamente nada! Apenas senti um click que me acordou e que, de repende me fez ficar incontinente!
Acordei o Márinho e disse-lhe que tinhamos que ir para o H.S.M. (era onde trabalhava a minha médica e já tinha combinado com ela que se acontecesse alguma coisa, teria de ir para lá imediatamente).
O Márinho, que é das pessoas que tem as reacções mais rapidas que eu conheço (ironia), prontificou-se logo em resolver a situação:
- e agora? – pergunta ele em linguagem de múmia!
- Telefona para um táxi s.f.f. enquanto eu faço uma mala com as minhas coisas, provavelmente já não saio de lá...
(Não tinhamos carro... eu podia dizer que estava a arranjar ou coisa parecida, mas não! De facto, não tinhamos um carro!!!)
O que eu acabara de dizer foi traduzido para linguagem de múmia com a seguinte tradução:
“Vamos jogar ás estátuas!!!”
Perante isto, eu fiz o saco para “a viagem”, dirigi-me ao telefone, abri a lista telefónica e liguei para uma central de táxis.
Ele acompanhou-me em silêncio (pensava que ainda estavamos a jogar e quem mostrasse os dentes perdia!) e quando lá chegamos, eu fui para dentro e ele voltou para casa (convencido que aquela brincadeira não tinha tido piada nenhuma!).
A Mafalda nasceu ás 9H da manhã, de cesariana com anestesia geral e o Márinho quando telefonou ao meio dia para o Hospital, confirmaram-lhe a boa nova!
E eu, ali sózinha e abandonada no hospital sem ninguem saber de nada!
(este é o meu lado mais lamecha a falar – costuma resultar como chantagem emocional! Aprendi com o meu pai!)
E pronto! Não sei o que é ter filhos, como afirma a minha mãe, que teve 5 partos normais (credo!!!!).
Ahhhh! Mas nesse dia ás 3h da tarde tive montes de visitas!
Toda a gente queria ver o bébé... é triste mas é verdade!
Ninguem me queria ver a mim (ah! este meu lado lamecha....), só ao bébé,
até eu! Queria ver a bébé que me tinha pregado uma grande partida!
Trouxeram-me a garota quando a cama estava rodeada de gente (não sei como é que conseguiram entrar tantos) e quando me colocam nas mãos “aquela coisa” (foi assim mesmo que eu reagi – o Márinho ainda hoje não perdoa a minha reação!!!), eu fiquei em panico:
- Como é que eu pego nisto? Parece um saguim...
Não sou pessoa de entrar em pânico (tirando o diagnóstico que a minha irmã me fez recentemente em que tenho um sindroma de, mas concerteza que é da P.D.I.), as minhas reacções são sempre frias.
Mas nesse momento, confesso, não sabia mesmo o que fazer!
Fazia-me impressão pegar “naquilo” (tadinha da minha filhota!), e foi quando eu olhei bem para ela (muito morena, muito cabeluda e muito peluda, meu deus, como ela era peluda...) é que vi que só podia ser minha filha!
Tããão feia!
“Um pápis... UMM PÁÁPIS NADA” – era o que a Táta mais gostava de dizer quando começou a falar.Tinha +/- um ano.
Começou a andar aos 10 meses e meio, até fazia impressão, uma coisinha tão pequenina, tão baixinha...
Se calhar tinha razão, eu não sabia (um pápis), eu não sabia nada (um pápis nada)!!!
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# publicado por
Cristina em
1/22/2004 06:56:00 da tarde