Capitulo I
(é melhor passarem para outro blog… vou começar a divagar e se me ponho práqui a dividir as minhas duas semanas em capitulos, ainda escrevo um livro… cof cof, sinto-me constipada… :o)
Bragança era o destino das nossas ferias grandes, em garotos.
Quando viemos de Angola, os meus avós paternos foram para o Porto (são naturais de lá) e os meus pais ficaram em Lisboa.
Uns anos depois, o meu avô foi para Bragança “vestir a camisola” da RDP.
A tia Alda era na altura uma adolescênte muito hipi, mas parecia uma galinha com 5 pintos atrás dela:
eu, a Sónia, o Mésicles, o Luis e o Claúdio (gosto tanto destes dois meus primos!).
E os verões eram passados assim, com a tia a correr atrás dos nossos bónes quando eles voavam… e os 5 sobrinhos para cima e para baixo, do Cruzeiro para o rio, do rio para a Ervanária da avó Nita, do café para a rádio, da rádio para o rio e de volta para o Cruzeiro…
A avó Nita ralhava com as saias compridas da tia, que ainda por cima eram transparentes e a tia não queria vestir um saiote!
O avô ralhava comigo, por causa das minhas mini-saias.
Eu era fân deste senhor – ainda sou, mais do que nunca! – e na altura pelava-me toda para sair com ele.
Todos os dias, depois do almoço ele perguntava: “Quem quer vir com o avô tomar café”
Para mim era como se isto fosse um som da corneta de um Quartel e em seguntos lá estava eu ao lado dele com um sorriso até ás orelhas!
“Comigo não sais assim com essa saia. Vai vestir outra.” – e eu ía, num passo de magia vestia outra.
“Aaiiii! Estás a brincar comigo, Titina?”
“Mas, vô!!! Eu vesti outra saia…”
“Aaiiii!!! Pronto, anda lá… raio das garotas… agora anda-me com as pernas todas á monstra… Oh Nita!”
Este “oh Nita” era a mesma coisa que pedir Socorro. A avó é que tinha sempre que resolver tudo!
A avó Gueixa como eu lhe chamo!
Lá ía eu com o avô ao café a ouvi-lo contar entre os dentes quantas pessoas olhavam para as minhas pernas. “é uma questão de reputação” justificavasse o “velhote”.
E nós gostavamos de brincar com isto da reputação!
Uma noite estavamos os cinco naquela pequena varanda do 1º andar da rua do Loreto (passei por lá a semana passada e o prédio de R/c e 1º andar tinha acabado de ser demolido),
a observar cada pessoa que passava por aquele passeio. Nós gozavamos, ou com o vestido saloio, ou com o penteado… havia sempre um promenor onde pegar, uma rizota pegada quando o meu chinelo cái lá a baixo!
Tinha que ser o meu chinelo!!! E agora???
“olhe, o senhor, se faz favor” – gritei eu por entre as nossas rizadas para um sujeito que ía a passar – “ o senhor não se importa de me atirar esse chinelo?”
Depois de algumas tentativas do senhor lá conseguimos apanhar o chinelo que vinha lá de baixo em voo ascendente. Agradecemos e a história ficou por ali.
A cidade estava em festa e o avô convidou-nos para ir dar uma volta ao centro. Lá fomos nós todos. O avô comprimentava cada pessoa que se cruzava com ele.
De repente pára para comprimentar um sujeito. Os cinco ficamos gelados a trocar os olhares e a morder os lábios…
“Estes são os meus 5 netos” – diz o avô ao senhor
“Nós já nos conhecemos” – responde o senhor
A cara que o avô fez foi de fugir.
Lá se tinha ído a reputação do avô!
(fim do Cap. I)
# publicado por
Cristina em
7/20/2004 10:30:00 da manhã